E eu era, pelo menos naquele
instante, eu era irremediavelmente dele.
Fechei os olhos num último gesto de
entrega, as sensações me invadiam como ondas de um mar revolto, e eu? Afogava-me
sem resistência, integrando-me aos turbilhões de água salgada, sentindo meus
pulmões queimarem sem ar e meu corpo naufragar naquele imenso prazer de se dar.
Vinc segurou minhas mãos com a
dosagem perfeita de força e leveza, nesse momento já não éramos sem o outro, e
eu participei dessa comunhão rara e extraordinária que poucos compreendem, contradizendo
leis físicas, transcendíamos, dois corpos e duas almas ocupando um só lugar no
especo e no tempo.
O gozo veio em seguida agitando-me
até os fios de cabelo, tingindo minhas faces de vermelho, senti o sangue subir
à cabeça, fechei os olhos e emudeci ao som de sussurros e gemidos incontroláveis.
As lágrimas saltaram dos meus olhos no mesmo instante em que meus lábios
rasgaram-se num sorriso violento, insano, ao mesmo tempo frágil em sua timidez.
Minha pele era arrepio, meu corpo terremoto, pele, suor e saliva, nossas bocas
desencontraram-se de um beijo quando o deleite nos tomou violentamente, nos estreitamos ainda mais, ficamos cegos, entramos em êxtase, querendo prolongar as sensações tão efêmeras, querendo parar o tempo, mas acontece que era o gozo que nos trazia a tona, que nos dissociava assim, era aquele o ápice do prazer e o começo do nosso fim.
Nossos corpos desmoronaram no colchão, ainda trêmulos, exaustos, olhos embaçados, sorrisos tortos, pensamentos embotados. Naquele momento qualquer coisa em mim doía assustadoramente, e tudo era falta, fechei os olhos pois tive medo de abri-los e me encontrar sozinha nos meus velhos lençóis, de repente era como se um buraco tivesse sido aberto em meu peito, mas ainda era cedo demais, pensei. Senti as mãos de Vinc percorrendo meu corpo num carinho sem destino, manso e sereno, raro. Virei meu corpo e deixei que meus olhos passeassem pela cena, os pelos, o suor, o desalinho dos lençóis, o cheiro suspenso, as pontas dos dedos, os ombros largos, o desalinho dos cabelos, os músculos relaxados, os cílios espessos e os olhos miúdos janelas intransponíveis. Acariciei seus cabelos, nenhuma palavra carecia ser dita, tacitamente nos dávamos àquele silêncio, porque ele era a nossa resposta, o nosso para sempre se estendia naquele silêncio que nos engolia devagar madrugada a fora. Nosso destino.
Nossos corpos desmoronaram no colchão, ainda trêmulos, exaustos, olhos embaçados, sorrisos tortos, pensamentos embotados. Naquele momento qualquer coisa em mim doía assustadoramente, e tudo era falta, fechei os olhos pois tive medo de abri-los e me encontrar sozinha nos meus velhos lençóis, de repente era como se um buraco tivesse sido aberto em meu peito, mas ainda era cedo demais, pensei. Senti as mãos de Vinc percorrendo meu corpo num carinho sem destino, manso e sereno, raro. Virei meu corpo e deixei que meus olhos passeassem pela cena, os pelos, o suor, o desalinho dos lençóis, o cheiro suspenso, as pontas dos dedos, os ombros largos, o desalinho dos cabelos, os músculos relaxados, os cílios espessos e os olhos miúdos janelas intransponíveis. Acariciei seus cabelos, nenhuma palavra carecia ser dita, tacitamente nos dávamos àquele silêncio, porque ele era a nossa resposta, o nosso para sempre se estendia naquele silêncio que nos engolia devagar madrugada a fora. Nosso destino.
Ainda quis alcançá-lo, mas não soube
como. Meus lábios roçaram os seus num beijo morno e cansado. Eu estava feliz,
mas a cada segundo ficava mais difícil engolir as lágrimas. Havia me jogado e
feito minha escolha, havia salvação pra isso? O que acontece quando a gente
chega ao fundo do abismo?
Vinc me olhava, e eu gostava daqueles
olhos caídos sonolentos sobre mim, gostava de imaginar que era a minha imagem
que estaria fixa, embotada e indefinida nos seus olhos antes dos sonhos e quem
sabe durante eles. Gostava daquela cumplicidade entre nós, isso me fazia pensar
que qualquer coisa nele doía também, uma dor poética, mas nem por isso menos real.
- Eu não quero dormir. – disse baixinho,
com a voz ainda rouca, cansada.
- Já eu, não quero acordar. –
Respondi com um meio sorriso nos lábios.
Vinc
afagou meus cabelos e me puxou para si com carinho, aninhei-me em seu peito e a
saudade amargou em minha boca, quando o sol nascesse não haveria lugar pra mais um ninho ali, não
haveria espaço pra nós dois. Fechei os olhos e rendi-me ao calor daquele corpo
que me aconchegava, afastei a mente de qualquer coisa perigosa. Queria
tatuar-me em seu corpo, mas em sua pele completamente marcada já não havia mais
espaço para mim. Sem provas...
Adormeci.
CONTINUA...
Sem palavras, sem forças, sem provas...
ResponderExcluirBjs
Eita que acabou-se foi tudo! haha
ExcluirBjs, Claudio.
Mas quem sabe depois do "Adormeci" venha o "Acordar" e ...
Excluirrss bjs, May
Nunca se sabe... hahaha
ExcluirBeijos, Claudio.
Enfim, o ápice, a apoteose!
ResponderExcluirOu um dos ápices... rsrs
ExcluirBjs, Fábio.
Uau!!! Não dá pra comentar. Este capítulo foi o big bang dentre todos...
ResponderExcluirCausou-me um universo de prazer em mim...
Lindo lindo!!
Beijo beijo May!
Fico muito feliz por isso, Alexandre. Obrigada pelo carinho.
ExcluirBjs, querido.
(pensei que eu já tivesse comentado, pq li já tem uns dias, minha memoria tá péssima, rs)
ResponderExcluirO que dizer sobre esse capitulo? Que os dois aproveitaram o que tinham de aproveitar...
Mas sou esperançosa, torço pra um final feliz, torço pra que Miriam consiga apenas um pequeno espaço no corpo tatuado de Vinc, e que depois o preencha. Um final feliz seria bom. Mas sei que muitas águas ainda vão rolar...
aguardando o prox capitulo. ;)
beeijão, escritora. ;*
p.s: tuas palavras tão cada vez mais lindas. você as encaixa com tanta precisão: "Queria tatuar-me em seu corpo, mas em sua pele completamente marcada já não havia mais espaço para mim." achei perfeito.
Muita água ainda vai passar embaixo dessa ponte!
ExcluirMuito obrigada pelo carinho, Sam, você como sempre sendo um doce de menina. bjs, querida.
OI!
ResponderExcluirPassando para conhecer o seu blog!
Você escreve bem!
SEguindo..
Bjs, Lu
http://resenhasdalu.blogspot.com.br/
Olá, Luiza.
ExcluirObrigada, moça. Seja bem-vinda!
Volte mais vezes.
bjs
Sensualidade inocente.
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