ESCRITO POR: MAYRA BORGES
Um filme banal, com roteiro ruim e sem
nenhum diretor, com uma protagonista inábil e sem talento algum para atuação,
intitulado: minha vida. Mas que, no entanto garante alguma espécie de
reviravolta em qualquer momento, e se por algum motivo você continua aqui é
porque acredita nisso, eu também acredito e sinceramente não espero
decepcionar.
Quis ao máximo evitar protagonizar mais
uma cena clichê, mas não pude esquivar-me da vontade de perambular pelas ruas
sem destino, o asfalto estava gasto e úmido, e entoava alguma poesia que eu não
conseguia captar. Por sua vez o céu tinha ralas camadas de nuvens revelando e
ocultando pedaços de um azul pálido. No primeiro momento estava sem rumo e
os pensamentos embaralhavam-se e perdiam-se antes de se tornarem inteligíveis e
eu apenas observava o tempo que parecia parado naquela manhã já por completo
desperta. Foi então que distraída como estava acabei por esbarrar em um homem
na rua, foi algo rápido e confuso e por um momento senti o estômago afundar, em
meio à confusão notei cabelos quase na altura dos ombros, a pele branca, os
pequenos olhos castanhos:
- Vincent? _ o nome escapuliu da minha
boca automaticamente, mas tão logo pronunciado percebi o engano, óbvio. Havia
uma mancha disforme no rosto do rapaz e os olhos nem eram tão pequenos se
olhasse bem.
- Desculpe!_ apressei-me em dizer com um
sorriso amarelo, o moço assentiu num maneio de cabeça e retomou seu caminho.
Quantos
destinos existem por ai? Quantos deles podem cruzar com o nosso? É impossível
saber, mas naquele momento o destino me ofereceu uma rota alternativa foi como
um clik e de repente a imagem a minha frente entrou em foco. O fato é que, não
há nada incomum em esbarrar com alguém no meio da rua, mas aquele encontrão e a
memória que ele despertou em mim não eram um simples acaso e mesmo que fosse...
Voe Miriam! Não, não é metáfora, voe, pegue um avião, vá atrás do que você
quer. Vincent.
Mudei
meu rumo, desci apressadamente a rua até chegar ao ponto de ônibus, estava
finalmente obstinada e sentia a vitalidade daquela recente decisão percorrendo
meu corpo. Parei em frente à agência de viagens e antes que eu pudesse parar
pra analisar o tamanho da minha profundidade já estava sentada conversando com
a moça sobre datas e preços de passagens, quando dei por mim já havia passado o
cartão de crédito sem tempo para reflexões e arrependimentos.
CONTINUA...