ESCRITO POR: MAYRA BORGES
- Houve um momento em que eu pensei que nunca seria capaz
de algo assim, mas agora olhando pra você, eu percebo que estou longe demais do
que considero impossível.
- Faça de mim o seu caminho pra chegar onde quiser.
- Com você sei que posso chegar ao paraíso, será que
podemos tentar ao menos ficar a meio caminho de lá hoje?
- Não nos custa nada tentar. Hoje eu sou todas as suas
possibilidades, faça como achar melhor, garota.
E entre um sorriso cínico e disse apenas num movimentar os
lábios, mas que soube imediatamente pelo sorriso igualmente cínico no rosto
dele que compreendera:
- Farei!
Soltei meus cabelos que caíram como cascatas negras a
poucos centímetros da cintura, ondularam suavemente sobre meus ombros, fechei
os olhos e senti que já não era calor, havia algo mais forte se apoderando de
mim, e eu era fogo; consumiria tudo o que pudesse tocar.
- Isso, continua mordendo os lábios, como eu gostaria de
sentir a pressão dos teus dentes na minha pele, o teu hálito, teus lábios
quentes...
- Eu quero ser a causa dos teus arrepios, de todo teu
delírio mais intenso.
Fui levantando o vestido devagar, mostrando as pernas, me
deliciando com aquele olhar faminto sobre mim, fotografando meus movimentos,
poderia até ser sem provas, poderia até só durar até o gozo final, mas ficaria
uma marca, eu não sumiria daquelas lembranças, disso eu tinha certeza.
Continuei brincando com desejos. E como era bom olhar pra ele enquanto eu me
despia tão despudoradamente, quem ele era? Um estranho, tudo que sabia sobre
ele até ali era relativo e absurdamente abstrato, mas pouco me importava a
possibilidade dele ser uma grande farsa, o desejo era real, é real, basta.
- Diz pra eu ficar muda faz cara de mistério, tira essa bermuda que eu quero
você sério.
- Mas nesse caso Mi, eu quem te ensino como ser bem melhor.
- Ainda assim, Vinc, eu quero você como eu quero!
Puxei o vestido e deixei que caísse longe, minha pele
branca em contraste com o preto daquelas rendas surtiu o efeito esperado,
éramos o poder de um show de fogos de artifício a um toque de distância. Parei
pra observar os movimentos dele ao jogar pra lá a bermuda, seus braços fortes,
sua pele ainda mais clara que a minha, os cabelos ondulando naturalmente, tudo
nele era inspirador, cada detalhe, tentador.
- Qual será o sabor do pecado?_ perguntei e me insinuei pra ele, pondo as mãos
na cintura e pronunciando meu corpo para frente fazendo os cabelos compridos
cobrirem meus seios. Virei de costas, e soltei o sutiã, observei Vincent por
sobre o ombro, provocando-o com meus lábios velour, deslizei as alças devagar e
sorrindo até que a peça preta de renda estivesse entre meus dedos. Tudo que ele
podia ver de mim eram as costas e os cabelos, fui me virando pausadamente. E
ele me assistia como se eu fosse um filme do Tarantino, onde cada cena é
imperdível e imprescindível pra compreensão do contexto, é isso, ele me
assistia como quem quer entender, mas também sentir devorava-me com aqueles
olhos insanos e de indeciso tom castanho.
CONTINUA...