13 julho 2013

Capítulo 20


ESCRITO POR: MAYRA BORGES


- Houve um momento em que eu pensei que nunca seria capaz de algo assim, mas agora olhando pra você, eu percebo que estou longe demais do que considero impossível.
- Faça de mim o seu caminho pra chegar onde quiser.
- Com você sei que posso chegar ao paraíso, será que podemos tentar ao menos ficar a meio caminho de lá hoje?
- Não nos custa nada tentar. Hoje eu sou todas as suas possibilidades, faça como achar melhor, garota.
E entre um sorriso cínico e disse apenas num movimentar os lábios, mas que soube imediatamente pelo sorriso igualmente cínico no rosto dele que compreendera:
- Farei!

Soltei meus cabelos que caíram como cascatas negras a poucos centímetros da cintura, ondularam suavemente sobre meus ombros, fechei os olhos e senti que já não era calor, havia algo mais forte se apoderando de mim, e eu era fogo; consumiria tudo o que pudesse tocar.  
- Isso, continua mordendo os lábios, como eu gostaria de sentir a pressão dos teus dentes na minha pele, o teu hálito, teus lábios quentes...
- Eu quero ser a causa dos teus arrepios, de todo teu delírio mais intenso.
Fui levantando o vestido devagar, mostrando as pernas, me deliciando com aquele olhar faminto sobre mim, fotografando meus movimentos, poderia até ser sem provas, poderia até só durar até o gozo final, mas ficaria uma marca, eu não sumiria daquelas lembranças, disso eu tinha certeza. Continuei brincando com desejos. E como era bom olhar pra ele enquanto eu me despia tão despudoradamente, quem ele era? Um estranho, tudo que sabia sobre ele até ali era relativo e absurdamente abstrato, mas pouco me importava a possibilidade dele ser uma grande farsa, o desejo era real, é real, basta.
                - Diz pra eu ficar muda faz cara de mistério, tira essa bermuda que eu quero você sério.
                - Mas nesse caso Mi, eu quem te ensino como ser bem melhor.
                - Ainda assim, Vinc, eu quero você como eu quero!
Puxei o vestido e deixei que caísse longe, minha pele branca em contraste com o preto daquelas rendas surtiu o efeito esperado, éramos o poder de um show de fogos de artifício a um toque de distância. Parei pra observar os movimentos dele ao jogar pra lá a bermuda, seus braços fortes, sua pele ainda mais clara que a minha, os cabelos ondulando naturalmente, tudo nele era inspirador, cada detalhe, tentador.
                - Qual será o sabor do pecado?_ perguntei e me insinuei pra ele, pondo as mãos na cintura e pronunciando meu corpo para frente fazendo os cabelos compridos cobrirem meus seios. Virei de costas, e soltei o sutiã, observei Vincent por sobre o ombro, provocando-o com meus lábios velour, deslizei as alças devagar e sorrindo até que a peça preta de renda estivesse entre meus dedos. Tudo que ele podia ver de mim eram as costas e os cabelos, fui me virando pausadamente. E ele me assistia como se eu fosse um filme do Tarantino, onde cada cena é imperdível e imprescindível pra compreensão do contexto, é isso, ele me assistia como quem quer entender, mas também sentir devorava-me com aqueles olhos insanos e de indeciso tom castanho.

CONTINUA...