12 março 2013

capítulo 01

                                         




-Seria legal sentir seu cheiro agora.
A mensagem piscou na tela do meu computador. Pensei na resposta, a mais sincera possível, não sabia se deveria digitar e enviar, por fim resolvi que guardar para mim o queria dizer não era a  melhor opção. Respondi:
-Seria legal ver o teu sorriso de perto. Já disse que o acho lindo?
-Não disse. Sentir cheiro e sorriso de perto... Arriscado.
-Um pouco, mas o que é a vida sem riscos?
-E que risco você imagina?
Ele tem o dom de fazer perguntas que me obrigam a pensar duas vezes antes de responder. Por um momento meu pensamento se fixou em fogo e pólvora. Apenas uma faísca seria suficiente para causar uma explosão. Quis ser direta, mas por um momento senti-me desencorajada a dizer o que estava pensando e devolvi a pergunta. Talvez quisesse fazê-lo falar antes de mim. 
                -Você falou em riscos primeiro, o mais justo é que você fale quais riscos imaginou.
                -Será que vale a pena falar ou eu devo testar meu autocontrole?
                -Acredito que vale a pena falar.
Eu conseguia imaginar as palavras que ele estava prestes a dizer, mas ainda assim precisava ter certeza delas. 
                -Por que vale a pena?
                -Acho melhor eu dizer isso logo de uma vez._Simplesmente não consegui adiar mais o que precisava dizer. Não fiz muita ideia de onde aquilo me levaria, mas naquele momento saber do resultado não era importante, não é importante. Deixei qualquer hesitação de lado e disse o que se passava em minha mente: 
                -Eu apenas imagino o quanto é perigoso riscar um fósforo muito próximo à pólvora.
                -Estava esperando uma explosão mesmo. O cheiro do seu cabelo, pescoço... Acho melhor parar por aqui.
Eu sorri, fechei os olhos e tentei imaginar a expressão dele e me vi novamente desejando que ele estivesse comigo. Mas então o pensamento recaiu em explosões e o quão destrutivas podem ser, isso me deixou mais sóbria aquele momento. 
                -Explosões costumam ser rápidas e destrutivas demais..._digitei. 
Foi então que acabei sendo atingida por um pensamento inesperado. Minha mente levou-me para aquela sala onde olhos verdes me fitavam assustadoramente e braços  me seguravam forte e violentamente. Balancei a cabeça e me pus a perguntar pelá enésima vez "Até quando iriei lembrar-me desta história imunda?" Resolvi ignorar este pensamento, decidi que seria a última vez que me deteria devido aquela lembrança. Pensei que nada naquela história havia sido em vão, mas que já estava na hora de começar a acreditar que raios não caem duas vezes no mesmo lugar. 
                -Neste caso, você acha que uma explosão poderia destruir algo?_ele perguntou.
                -Não sei, mas acredito que não. Você joga limpo, todas as cartas na mesa...
                -Entendo.
                -Prefiro pensar em fogos de artifício, com um bom planejamento não machucam ninguém, deixam apenas o encanto.
                -Melhor assim.
                -A gente ta conversando em entrelinhas há algum tempo. Poucas pessoas se entenderiam tão bem assim.
                -Se desejar pode sair das entrelinhas. E sobre nos entendermos, talvez a distância ajude.
                -É como querer o que não se pode ter.
                -Você me quer?
Parei para pensar na resposta, ele eu, nossos compromissos, outras pessoas... Nada disso fez sentido ou foi levado em consideração na hora em que resolvi assumir os riscos, fechar os olhos e pular. Respondi:
                -Sim, eu quero. 

Continua...




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