18 março 2013

Capítulo 04


ESCRITO POR: MAYRA BORGES


Ao longo da conversa o assunto foi tomando um rumo que me deixou surpresa, principalmente porque eu não imaginava que conseguiria ser tão franca com ele e de certa forma, nem comigo mesma. Insinuações, entrelinhas e provocações, testando limites deliciosamente arriscados. E então aquela pergunta:
-Você me quer?
-Sim, eu quero.
-De que forma?
-Você é sempre a última coisa em que tenho pensado antes de dormir, e se quer mesmo saber faz tempo que não sinto isso por um homem, talvez nunca tenha desejado tanto alguém como eu te desejo. Eu quero você na minha cama, por uma noite, por um momento ou por quantos vierem.
As palavras simplesmente saíram sem que eu pudesse exercer qualquer controle sobre elas, eu precisava dizer e ser absolutamente franca, foi o que eu fiz.
             -Ual garota, você me tira do sério.
             -Você também.
             -Mas me diga do que tem vontade? Dê-me o prazer de saber, imaginar.
Sei que alguns começam a me enxergar como uma pessoa carente ou uma vadia louca, que seja, mas quem pensa assim está há alguns milhões de quilômetros de enxergar o que eu realmente sou por trás de qualquer disfarce.
         -Eu quero enterrar minhas mãos nestes teus cabelos, me sentir entre teus braços, ouvir tua voz sussurrando ao pé do ouvido, quero beijar teus lábios, sentir pele na pele, olho no olho, corpo a corpo, inteiramente.
As palavras transbordavam por entre meus dedos, o desejo me impulsionava a tudo aquilo e eu não queria parar mesmo sentindo meu sinal de alerta soar compulsivamente. É mais ou menos como correr livremente e sempre em frente até deparar-se a poucos metros de um abismo e então você sabe que precisa escolher entre dar meia volta ou se jogar, eu estava me jogando, assumindo riscos, ignorando qualquer que fosse o medo e seguindo em frente.

CONTINUA...
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