26 maio 2013

Capítulo 15


ESCRITO POR: MAYRA BORGES


Senti a malícia em mim, nos meus gestos lentos, nos meus quadris movimentando-se sutilmente, no meu sorriso descarado, no meu olhar faminto, na minha ânsia desmedida, e então por aquele momento eu sabia que meu corpo era prazer fotografado por olhos sedentos, desejado a mil por aquelas mãos, por aquela boca, por aquele corpo que reagia a mim, em arrepios e excitação. Pernas, braços, lábios e línguas a se misturar em pensamentos.
            Voltei a descer a blusa devagar, soltei os cabelos e sorri.
            -Queria poder te tocar.
            -Eu adoraria colocar minhas mãos em você, garota.
Suspirei, um sonho indecente.  
            -Percebo seus suspiros, palpitações, continue, você fica tão bem à vontade, queria estar perto.
Ele tinha um quê de afoito no jeito, a tempestade agitou-se dentro de mim, eu queria fazê-lo sentir-me a todo custo, da forma que fosse possível. Puxei a blusa para cima ao poucos, respirando fundo.
            -Às vezes tenho a impressão que você se transforma._disse ele.
            -De que forma?
            -Há delicadeza em você, uma delicadeza que transborda nas suas palavras, nos seus gestos, mas de repente ela se mistura com um quê de indecente e atroz.
            Sem dizer palavra retirei a blusa ficando apenas com um sutiã preto, mas não parei. Voltei a ficar de pé, sempre observando-o enquanto agia, ele assistia atento a minha transformação, progressiva e disposta a alcançar níveis cada vez mais elevados de luxúria. Não era uma simples lagarta transformando-se em borboleta, era uma borboleta transformando-se em algo inesperado e quase inexplicável, com asas ainda mais lindas, brancas e negras, numa mistura quente de ingenuidade e malícia.

CONTINUA... 

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19 maio 2013

Capítulo 14


ESCRITO POR: MAYRA BORGES. 




Senti um frio na barriga, era um misto de nervosismo e euforia, que tinha nome e sobrenome e olhos castanhos que devoravam minha imagem na tela daquele computador.
                -Minha imagem está um pouco escura, não é?_perguntou ele.
                -Sim, um pouco, mas consigo ver bem.
                -Melhor que isso não fica.
                -Melhor, meu querido; só ao vivo.
                -Você é um pecado, sabe disso não é?
                -Esse é meu nome do meio.
                -Vivo o que leio e o que vejo.
-Eu quero viver cada letra do que escrevo pra você.
-Eu também, se possível.
-Se, essa palavra evidencia sempre dois lados, tanto liberta quanto prende.
-Então melhoremos a frase, digamos que: não é impossível.
-Melhor assim.
E rimos juntos.
                -Agora eu acredito que você não é meu amigo imaginário, está satisfeito?
                -Como não estaria?
                -Queria estar com você, é pedir demais?
                -Não, eu também queria que você estivesse aqui.
Coloquei uma mecha do cabelo atrás da orelha, abaixei a cabeça e depois fui levantando o olhar de baixo para cima, mordendo o lábio e deslizando a mão dos cabelos até o ombro.
                -Sua boca é linda.
                -Ficaria melhor colada na sua, clichê demais?
                -Clichês ás vezes são bons.
                -Eu poderia ficar aqui te olhando por um bom tempo.
                -Digo o mesmo, na verdade é o que estou fazendo agora, comendo com os olhos, outro clichê; mas se só posso ver é o que farei.
                -A gente usa o que tem.
                -Você me acha canalha?
A pergunta me pegou de surpresa, o que eu poderia dizer? Sim e não.
                -Não acho, a menos que o canalha possa ser atribuído a mim também, então sim, te acho canalha.
                -Entendo, sendo assim, posso te pedir uma coisa?
                -Peça.
                -Tira a roupa pra mim?
Antes eu não pensaria duas vezes em dizer não, mas eu havia mudado estava mais curiosa comigo mesma, estava curiosa com a expressão que se formaria naquele rosto quando visse o que tanto queria, seria um momento delicioso não poderia deixar que passasse, mas isso não me impedia de tentar brincar um pouco com a situação.
                -Convença-me!
                -O meu sorriso já não é o suficiente?
Era disso que eu gostava, qualquer outro (talvez) não seria tão seguro assim, ele sabia quem era e sabia o poder das suas armas. Se meus lábios eram labirintos o sorriso dele era um mar de águas turvas e infinitas no qual eu adoraria mergulhar até o último suspiro, adoraria me afogar naquelas águas profundas. Era mais que suficiente para me convencer de qualquer loucura.
                -Mais que suficiente.
Fiquei de pé, com movimentos lentos fui levantando a blusa até a altura dos seios, ao mesmo tempo que observava o rosto dele e a forma como ia se modificando a cada pedaço de pele que eu revelava lentamente...

CONTINUA...  


               






11 maio 2013

Capítulo 13


ESCRITO POR: MAYRA BORGES



Ele sorriu e eu pude ver aquele sorriso se formando, o movimento dos lábios, os olhos castanhos e estreitos... Fiquei observando-o sem dizer palavra, porque tinha plena certeza de que não conseguiria dizer nada por alguns minutos. Então comecei a sentir uma pequena agitação como um redemoinho, uma tempestade se formava dentro de mim e o arrepio aflorou na pele, despertando o meu lado sem juízo algum; lentamente. Ele me observava.
-Seu cabelo é lindo._disse ele.
-Obrigada.
-Consegue me ver bem?
Fiz que sim com a cabeça, ainda tinha um sorriso bobo nos lábios.
                -Se eu disser que você é muito linda, vai ficar repetitivo?
                -Não me importo com as repetições.
                -Esse teu sorriso é caminho perigoso, sinto que me perderia fácil nesse labirinto.
                -Quer dizer que meus lábios são labirintos?
                -Que atraem meus instintos mais sacanas.*
                -Teu olhar sempre distante, sempre me engana.*
Ri do encontro exato da realidade com a música, mais uma peça do acaso que encontra seu encaixe. E comecei a cantar, foi automático.
                -Estou sorrindo de você e para você, cantando ai, louca.
                -Eu não estou louca, estou apenas agindo naturalmente, você não vai querer me ver louca.
                -Quem disse que não?
Eu sorri, a blusa escorregou devagar mostrando o que eu não pretendia esconder por muito tempo.
                -Gostei do decote, essa sua blusa, menina. Confesso que o pouco já me excita o desenho dos teus lábios, seu rosto agrega inocência e erotismo, combinação perfeita. Como consegue ser tão angelical e sensual ao mesmo tempo?
                -Só posso dizer que não é de propósito.
                -Imagino que não, é natural.
Fiquei mais um tempo observando-o, a forma como passava a mão pelos cabelos úmidos, a barba por fazer... Eu queria decorar os movimentos, gravar frame a frame na memória pra nunca mais esquecer. A realidade fora daquele quarto não me interessava mais, pelo menos não naquele momento; estava focada no meu delírio, na minha falta de juízo, na minha ambição por cada capítulo, eu precisava lembrar aquele ar meio cafajeste meio – como cantou o Cazuza: maior abandonado. Algo que só tinha encontrado nele e em mais ninguém. Tinha a força certa pra me puxar pra qualquer lado, sem me merecer, meu corpo por prazer sem amor – de preferência. E como dizer não? Me rendi. 

*Refrão de Bolero - Engenheiros do Hawaii 

CONTINUA...

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04 maio 2013

Capítulo 12


ESCRITO POR: MAYRA BORGES


Fiz a chamada como ele havia pedido, fiquei olhando a foto que substituía o vídeo que ele sempre desativava.
                -Nossa, como você é linda!
A afirmação despertou em meus lábios um sorriso tímido, coloquei o cabelo atrás da orelha, não sabia o que dizer, em outro tempo talvez fosse brincar com ele, mas naquele momento sentia uma pontada de mau humor se instalando de leve, tentei continuar a ser agradável.
                -Cadê a surpresa?
                -Só um minuto.
Comecei a enrolar uma mecha do cabelo no dedo indicador e a olhar a foto dele, como era bonito, como eu o queria, como havia se tornado alguém importante pra mim, eu não fazia ideia de como tudo havia tomado aquelas proporções, mas a vida é assim mesmo, ela sempre encontra formas de nos surpreender e eu estava deixando a onda me levar, porque sabia que estava no lugar certo e na hora certa, muito embora esses conceitos sejam muito relativos.
                -Miriam?
                -Oi.
                -Está tão quieta.
                -Estou esperando você.
                -Não precisa mais esperar.
E dessa vez o meu sorriso não foi tímido e nem sutil, ele arrebentou em meus lábios com a força que pode e afastou com tudo qualquer sentimento estranho que estivesse pairando sobre mim.
                -A espera valeu à pena._eu disse.  
Ele sorria pra mim, e eu estava boba, sorrindo de volta, sem desgrudar os olhos da tela, vi que ele também sorria de volta, e senti meu corpo estremecer com aquele sorriso e aqueles lábios curvados, a barba por fazer o cabelo ainda molhado. Os olhos pequenos e indecodificáveis.
                -Gostou da surpresa?
                -O que você acha? O meu sorriso pode responder por você.
E eu parei pra olhar, decorar os movimentos daquele que era a minha novidade preferida. 
                -Eu sabia que você ia gostar de me ver, sinto muito por ter sumido por tanto tempo, semana de provas, muito trabalho pra fazer.
                -Tudo bem, eu já te disse, querido, não precisa me dar satisfações da sua vida, só não quero que suma para sempre.
                -Não vou sumir. To com cara de sono.
                -Se com cara de sono é bonito assim, imagino se estivesse disposto.
                -E quem disse que não estou disposto, com você não tem como não sentir disposição.
                -Nossa, sua boca, esse teu sorriso, que lindo._eu estava falando e agindo como uma idiota tudo que eu queria naquele momento era tocá-lo e ser tocada, sentir aqueles dedos sob a minha pele me provocando arrepios e poder assim deixar de lado as palavras que nem de longe conseguiam expressar o que eu estava sentindo.
                -É bom poder te ver e saber como você reage a mim.
Abaixei a manga da blusa deixando meus ombros à mostra, eu precisava ver como ele agia diante de minhas sutis provocações...

                CONTINUA...
               
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