ESCRITO POR: MAYRA BORGES
Nada está claro o suficiente e sei que a impressão é a
de que tenha começado a contar uma história pela metade, mas não é nada disso.
A história começa exatamente ai, eis o primeiro ponto dessa costura. E sendo
assim eu me apresento como uma das linhas que serão traçadas neste enredo.
Talvez um pouco clichê, mas sinceramente não é isso que me importa. Me chamo
Miriam e tenho 23 anos, curso o 4º período de administração e sinceramente não
sei se é o que eu realmente quero fazer. Divido um apartamento com duas colegas
da faculdade, trabalho como auxiliar administrativa em um escritório de
contabilidade e estou atolada até o pescoço em um relacionamento complicado.
Não é algo que renda uma autobiografia ou algo do gênero e nem me interesso por
isso, o que realmente quero contar vai um pouco mais além da monocromia deste
tom azul fechado, vulgo minha vida.
Imersa na mesma melodia do disco
arranhado, faixa 23, é exatamente onde estou agora, era exatamente onde estava
quando conheci o Vincent. Apenas mais uma linha desta costura que geralmente
termina aos 80 anos em média. Deixei muitas lacunas em aberto, mas agora sinto
a necessidade de respondê-las. A primeira creio ter preenchido, quem sou eu?
Temo não ter dado uma resposta muito esclarecedora, mas a melhor que pude. Quem
é Vincent? Esta é uma boa pergunta, e mais uma vez receio não poder dar nada mais
que uma resposta superficial. Mas esta história apenas começa, não se pode
saber muito antes da hora. O que digo é que ele apareceu em um momento como
qualquer outro, nem hora certa nem errada. Apenas alguns minutos antes da hora
do almoço e no começo talvez nem eu tenha prestado atenção, já que estava certa
de erros e com fome de outras coisas.
Mas antes que comecem a imaginar
que esta é uma bela história de amor com um fim comum, não é nada disso. É uma
história de amizade, descobertas e inquietudes, sem intenção de premeditar
algum fim. É uma história de mudar de opinião, de ver de outro jeito, de
realizar tantos desejos e confessar alguns segredos. Agora é o momento em que me
forço a deixar de lado a prolixidade para responder algumas questões de
maneira mais concisa. Como conheci o Vincent? Pela internet. De onde ele é?
Minas. De onde eu sou? De longe. O que nos levou ao diálogo anterior?
Sinceridades. Talvez queiram saber o que
significou dizer “Nossos compromissos, outras pessoas” Sim, assim como eu ele
também tem namorada, mas se tem uma coisa que aprendi é que o desejo, seja como for, independente de qualquer circunstância; pode surgir e que em alguns momentos é impossível sublimá-lo. Posso completar dizendo que nada foi de propósito, apenas aconteceu e continua acontecendo.
Continua...