14 março 2013

Capítulo 02

ESCRITO POR: MAYRA BORGES


Nada está claro o suficiente e sei que a impressão é a de que tenha começado a contar uma história pela metade, mas não é nada disso. A história começa exatamente ai, eis o primeiro ponto dessa costura. E sendo assim eu me apresento como uma das linhas que serão traçadas neste enredo. Talvez um pouco clichê, mas sinceramente não é isso que me importa. Me chamo Miriam e tenho 23 anos, curso o 4º período de administração e sinceramente não sei se é o que eu realmente quero fazer. Divido um apartamento com duas colegas da faculdade, trabalho como auxiliar administrativa em um escritório de contabilidade e estou atolada até o pescoço em um relacionamento complicado. Não é algo que renda uma autobiografia ou algo do gênero e nem me interesso por isso, o que realmente quero contar vai um pouco mais além da monocromia deste tom azul fechado, vulgo minha vida.
                Imersa na mesma melodia do disco arranhado, faixa 23, é exatamente onde estou agora, era exatamente onde estava quando conheci o Vincent. Apenas mais uma linha desta costura que geralmente termina aos 80 anos em média. Deixei muitas lacunas em aberto, mas agora sinto a necessidade de respondê-las. A primeira creio ter preenchido, quem sou eu? Temo não ter dado uma resposta muito esclarecedora, mas a melhor que pude. Quem é Vincent? Esta é uma boa pergunta, e mais uma vez receio não poder dar nada mais que uma resposta superficial. Mas esta história apenas começa, não se pode saber muito antes da hora. O que digo é que ele apareceu em um momento como qualquer outro, nem hora certa nem errada. Apenas alguns minutos antes da hora do almoço e no começo talvez nem eu tenha prestado atenção, já que estava certa de erros e com fome de outras coisas.
                Mas antes que comecem a imaginar que esta é uma bela história de amor com um fim comum, não é nada disso. É uma história de amizade, descobertas e inquietudes, sem intenção de premeditar algum fim. É uma história de mudar de opinião, de ver de outro jeito, de realizar tantos desejos e confessar alguns segredos. Agora é o momento em que me forço a deixar de lado a prolixidade para responder algumas questões de maneira mais concisa. Como conheci o Vincent? Pela internet. De onde ele é? Minas. De onde eu sou? De longe. O que nos levou ao diálogo anterior? Sinceridades. Talvez queiram saber o que significou dizer “Nossos compromissos, outras pessoas” Sim, assim como eu ele também tem namorada, mas se tem uma coisa que aprendi é que o desejo, seja como for, independente de qualquer circunstância; pode surgir e que em alguns momentos é impossível sublimá-lo. Posso completar dizendo que nada foi de propósito, apenas aconteceu e continua acontecendo. 

Continua...