21 abril 2013

Capítulo 10

ESCRITO POR: MAYRA BORGES


Caso não se lembre a última despedida entre eu e Vincent foi selada com a promessa de que em breve eu poderia vê-lo, duas semanas se passaram sem que nos falássemos desde então. Foi assim que de repente me peguei a alimentar uma espécie de raiva contra a esperança. Eu chegava em casa do trabalho e ficava na internet esperando que ele entrasse, mas nada; e era esse esperar o nada que me nauseava. Uma tortura longa, quanto tempo mais eu teria que esperar? Essa falta de resposta me irritava. Então comecei a me repreender por pensar assim, estava apenas perdendo o meu tempo sendo tola, tudo tem sua hora e quando chega a hora é mais legal, foi assim que o Humberto Gessinger me convenceu a não pensar.
Sábado à noite, estava sozinha no apartamento.  Hora ou outra todas essas linhas não passarão de um dossiê, se é que já não o seja, a solidão documentada. Já me preocupei mais com isso, hoje eu aprecio a minha companhia e até comparo a minha solidão com uma roupa íntima, não é a mais bonita, a mais sexy, mas é quase confortável e indiscutivelmente me caí muito bem. A moça dos olhos tristes, muito prazer, essa sou eu. Talvez soe dramático, mas acontece que em certos momentos as palavras não são capazes de traduzir em exato o real das coisas e das pessoas, este é um desses casos. Não existem palavras que possam me explicar.
Sábado à noite, minhas pálpebras estavam ficando pesadas e minha cabeça procurava formas de evitar um meio conflito que havia se iniciado entre eu e meu namorado, Carlos. As coisas entre a gente não iam nada bem, à distância e a falta acabam com tanta coisa e isso doi demais, mas a gente tenta equilibrar as coisas até onde da, não é? “Até quando valer a pena.” Era isso que tilintava na minha cabeça. De um lado a briga anunciada entre eu e Carlos e do outro o silêncio de Vincent,
Sábado à noite, e insisto em tentar fugir, talvez na forjada intenção de deixar essa parte em segundo plano, em disfarçar de secundário o que é fundamental. E eu continuo me delatando, é inevitável. Eu estava em frente ao computador quando alguém me enviou uma mensagem, e eu fingi que não me importava em responder, mas ai sorri da minha tolice, se eu estava com fome porque recusar a comida?
-Oi Miriam boa noite.
-Olá, Vincent. 
-Tudo bem?
-Tudo e você?
-Tudo tranquilo.
E então aquele sorriso na fotografia, era um convite ao pecado. Eu tentei evitar, mas quando dei por mim já estava rindo, e era uma mistura de tantas coisas dentro de mim. É impossível conter uma enxurrada e naquele momento eu era toda enxurrada, de desejos, de paradoxos e de tudo que há pra ser...
                -Que bom.
                -Tenho uma surpresa pra você.

CONTINUA...

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