11 maio 2013

Capítulo 13


ESCRITO POR: MAYRA BORGES



Ele sorriu e eu pude ver aquele sorriso se formando, o movimento dos lábios, os olhos castanhos e estreitos... Fiquei observando-o sem dizer palavra, porque tinha plena certeza de que não conseguiria dizer nada por alguns minutos. Então comecei a sentir uma pequena agitação como um redemoinho, uma tempestade se formava dentro de mim e o arrepio aflorou na pele, despertando o meu lado sem juízo algum; lentamente. Ele me observava.
-Seu cabelo é lindo._disse ele.
-Obrigada.
-Consegue me ver bem?
Fiz que sim com a cabeça, ainda tinha um sorriso bobo nos lábios.
                -Se eu disser que você é muito linda, vai ficar repetitivo?
                -Não me importo com as repetições.
                -Esse teu sorriso é caminho perigoso, sinto que me perderia fácil nesse labirinto.
                -Quer dizer que meus lábios são labirintos?
                -Que atraem meus instintos mais sacanas.*
                -Teu olhar sempre distante, sempre me engana.*
Ri do encontro exato da realidade com a música, mais uma peça do acaso que encontra seu encaixe. E comecei a cantar, foi automático.
                -Estou sorrindo de você e para você, cantando ai, louca.
                -Eu não estou louca, estou apenas agindo naturalmente, você não vai querer me ver louca.
                -Quem disse que não?
Eu sorri, a blusa escorregou devagar mostrando o que eu não pretendia esconder por muito tempo.
                -Gostei do decote, essa sua blusa, menina. Confesso que o pouco já me excita o desenho dos teus lábios, seu rosto agrega inocência e erotismo, combinação perfeita. Como consegue ser tão angelical e sensual ao mesmo tempo?
                -Só posso dizer que não é de propósito.
                -Imagino que não, é natural.
Fiquei mais um tempo observando-o, a forma como passava a mão pelos cabelos úmidos, a barba por fazer... Eu queria decorar os movimentos, gravar frame a frame na memória pra nunca mais esquecer. A realidade fora daquele quarto não me interessava mais, pelo menos não naquele momento; estava focada no meu delírio, na minha falta de juízo, na minha ambição por cada capítulo, eu precisava lembrar aquele ar meio cafajeste meio – como cantou o Cazuza: maior abandonado. Algo que só tinha encontrado nele e em mais ninguém. Tinha a força certa pra me puxar pra qualquer lado, sem me merecer, meu corpo por prazer sem amor – de preferência. E como dizer não? Me rendi. 

*Refrão de Bolero - Engenheiros do Hawaii 

CONTINUA...

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