Fui até a esteira e
de posse da minha mala meio vazia saí à procura de um táxi, não demorou muito e
lá estava eu seguindo rumo ao hostel e pensando no que aconteceria em seguida,
como seria vê-lo e o que diríamos afinal... obviamente não encontrei nenhuma
resposta conclusiva para tais questões, que tinham como principal função elevar
a minha ansiedade a níveis cada vez mais críticos.
No trajeto de quase
duas horas até o hostel pensei em mandar um sms avisando que havia chegado, mas
preferi fazer isso depois de estar devidamente instalada e descansar um pouco.
Depois de tomar um
banho, comer duas barras de cereais e tirar um cochilo de aproximadamente uma
hora, achei por bem dar notícias. Peguei o celular e para minha surpresa havia
uma mensagem do Vinc, perguntando se tinha chegado bem, respondi que sim e em
seguida ouvi o telefone tocar, era ele...
- Oi.
- E ai, foi tudo
bem durante a viagem?
- Tudo ótimo,
cheguei faz quase umas 4 horas, estava cansada e acabei apagando.
- Ok.
Ficamos em silêncio por alguns
instantes, pude ouvi-lo respirar do outro lado algumas vezes.
-
Te vejo a noite?_ele perguntou por fim.
-
Ahh, claro.
-
Eu passo ai pra te buscar, combinado?
-
Sim, que horas Vinc?
-
As 9, ta bom pra você?
Olhei para o relógio, suprimi um
suspiro e respondi:
-
Está ótimo.
Pude escutá-lo sorrindo.
-
O que foi?_ perguntei.
-
Nada, bem, na verdade eu não consigo acreditar que você esteja realmente aqui.
-
Pois acredite.
-
Miriam?
-
Oi...
-
Estou feliz que tenha vindo.
-
Vinc?
-
Oi...
-
Eu também estou. Esta sendo algo incrível, mas acho melhor a gente deixar essa
conversa pra depois, não quero correr o risco de ficar sem ter o que conversar
com você._ sorri.
-
Fica tranquila, não vai nos faltar assunto e nem alternativas para a falta
dele, como você quiser.
Mordi o lábio e limitei-me a
responder:
-
Ótimo.
-
Eu tenho que desligar, mas a gente se vê mais tarde não esqueça._ ele sorriu.
- Ainda bem que você me lembrou, me deixa anotar, minha memória não anda lá muito
boa ultimamente._ brinquei e mais uma vez ele sorriu do outro lado.
Joguei o celular sobre a cama de
solteiro, olhei em volta, não tinha muitas opções de diversão até a hora do
encontro. O quarto era simples e eu me atreveria a dizer que de certa forma
parecia aconchegante. Caminhei até a janela, fora alguns prédios cinzentos em
contraste com um céu extremamente limpo e azul tudo o que eu podia ver eram
carros e pessoas passando apressados pelas ruas. Um vento quente entrava pela
janela e uma fina camada de suor se formava na minha testa, fiquei na janela
por mais alguns minutos, imaginando histórias e destinos para as pessoas e os
carros que passavam, me distraindo da minha própria história e destino e
evitando pensar demais.
A tarde correu quente e lentamente,
como se alguém estivesse brincando de segurar as horas. O tempo sempre tão
apressado resolveu mudar justamente naquela bendita tarde de sexta feira. Andei de um lado pro outro do quarto, ensaiei
inutilmente ótimas conversas na frente do espelho, espalhei as roupas que havia
trazido, tentando me decidir sobre qual usar, calça ou vestido? Que tal esse
short? E essa blusa? Depois de muitas poses em frente ao espelho manchado do
quarto, acabei me decidindo por algo simples, afinal não adiantava querer
aparecer com um vestido lindo e maquiagem impecável e não me sentir a vontade
em cima de um salto alto, no final das contas tudo o que importava era ser simples,
ou seja, ser eu mesma, mesmo que isso fosse quase um risco.
Olhei para o relógio pela
milionésima vez e finalmente, 8:00. Entrei no cubículo que eles chamavam de banheiro
e tomei um bom banho ao menos a água estava uma delícia. Saí do banho enrolada
na toalha e senti um arrepio percorrer todo meu corpo junto com um sorriso nervoso,
mais uma vez a mistura de medo e desejo. Joguei a toalha molhada em cima de uma
cadeira e vesti-me. Uma regata, um short jeans e meus tênis da sorte, talvez
estivesse um pouco despojado demais, mas era muito tarde pra tentar encontrar
outra coisa. Coloquei os brincos e alguns acessórios. Soltei os cabelos que
ondularam às minhas costas, fiz uma sombra leve, apenas para ressaltar meus
olhos e, claro, o batom vermelho, algo em mim dizia que ele esperava por isso. Um
pouco de hidratante e um leve perfume, dei uma olhada em mim mesma no espelho,
estava aceitável, sorri nervosamente e olhei o relógio, 8:50.
Exatas nove horas e doze minutos,
ouvi batidas na porta. Era ele...
CONTINUA...