ESCRITO POR: MAYRA BORGES
- Filho da mãe!_disse em voz alta, mas a indignação logo
abriu espaço para uma gargalhada mais sincera do que esperava. Quem eu estava
tentando enganar? Tentar enganar-se é o trabalho mais estúpido ao qual alguém
pode se dispor, estava sem energia alguma pra mentir pra mim mesma, não ia
ignorar aquela pequena alegria que se instalara no meu peito ao ouvir aquela
voz, iria tomá-la até a última gota.
Abri a
janela e aspirei um pouco do ar poluído e seco, minha cabeça doía. Caminhei
pelo quarto e então olhei para o calendário “Apenas uma semana” pensei, soltei
um suspiro, afastei os pensamentos coerentes da cabeça e resolvi que deveria
começar a fazer as malas. Seriam apenas três dias. Puxei a mala de baixo da
cama e tirei o pó, abri o guarda roupa e coloquei algumas roupas para o dia e
outras para a noite, a mala ficou meio vazia, mas estava perfeito, aos poucos
acrescentaria o que fosse lembrando, a verdade é que eu não queria dar muita
importância a como deveria me comportar e o que vestir, algo em mim dizia que
tudo aquilo poderia ser um grande engano, que poderia sair tudo errado. Dei de
ombros empurrei a mala para um canto e me joguei na cama, acabei adormecendo
novamente.
Acordei
por volta das 16:00 com a luz alaranjada do fim de tarde e o estômago que
exigia algo que pudesse digerir. A cabeça continuava latejando, levantei devagar
quase tonta, tomei um banho e fui até a cozinha, tinha pão e um resto de suco
de caixinha, comi sem muita convicção, voltei para o quarto peguei um livro
qualquer na prateleira, uma coletânea de contos do Edigar Allan Poe, li algumas
páginas, mas a minha cabeça não estava ajudando. Olhei para o celular, voltei
para o livro e novamente para o celular, fiquei nesse impasse por alguns
segundos até deixar o livro de lado e segurar o celular. Digitei “Acordei,
estou melhor” ponderei sobre enviar ou voltar para o livro, enviar ou voltar
para o livro, larguei o celular num canto e realmente tentei me concentrar na
leitura, mas alguns minutos depois lá estava eu, enviar! Depois de enviar o sms voltei para o sofá com o livro nas
mãos e o telefone no colo. Se estivesse com sorte ele responderia.
CONTINUA...