ESCRITO POR: MAYRA BORGES
Poucos minutos depois ouvi o bip, li a
mensagem “Ok, ótimo. Online agora?” Coloquei o livro sobre o centro e respondi
“Claro”, fui para o quarto e liguei o computador, queria não querer, mas já não
havia mais tempo para recusas, desculpas e desfeitas, mais uma vez era tempo de
ir e assumir desse no que desse. Mal conectei e a janela piscou na tela:
- Oi.
- Olá.
- Queria pedir desculpas por hoje mais
cedo.
- Pelo que exatamente?
- Pelas brincadeiras e tudo mais.
- Sem problemas.
- Ok. Mais uma coisa...
- O quê?
- Se eu entendi bem, você está vindo me
ver?
- Exatamente isso.
- Pensei que estivesse brincando...
- Estava falando sério, só não gostei
muito do jeito como tentou ignorar...
- Foi mal, queria te fazer sorrir um
pouquinho, mas fui infeliz.
- Sua tentativa foi mais bem sucedida
agora.
- Está mesmo melhor?
- A cabeça está abusando um pouco, mas
nada demais.
- Quando você vem?
- Daqui uma semana, sabe eu tentei te
avisar antes, mas você sumiu e fiquei um pouco incerta sobre te ligar ou deixar
mensagem.
- Nossa, está muito em cima...
- Algum problema?
- O que você acha?
- Eu não sei, me diga.
- Claro que não tem problema nenhum, a
senhorita será muito bem recebida. Depois vou querer saber todos os detalhes, o
horário, tudo, ok?
- Claro, posso te passar tudo agora se
quiser.
- Eu quero.
- Viajo na sexta pela manhã, se tudo
correr como esperado chego por ai pouco antes da hora do almoço, umas 11,
11:30. Fico ai até a segunda a tarde, apenas um fim de semana. Consegui um
pacote num hostel e quanto a isso já está tudo acertado. Eu confirmo o endereço
depois e te mando, ok?
- Ok. Tudo certo então, mas acredito que
não vou poder te esperar no aeroporto.
- Sem problemas eu já esperava por isso.
- Decidida você, sinceramente não
esperava que fosse tomar essa decisão...
- Não quer que eu vá?
- Não foi isso que eu quis dizer.
- Eu sei o nível da minha loucura, se é
isso que quer me falar._sorri.
- Espero que não se arrependa.
- Sinceramente?
- O quê?
- Eu também espero a mesma coisa.
- Não imaginei diferente.
- Me diz uma coisa.
- O que?
- Como esta o clima por ai, frio, calor?
- Sempre uma mistura dos dois, mas não
precisa se preocupar com o frio, se é que me entende.
- Ok, entendi.
Maluquice,
insensatez, estava em queda livre, sem pára-quedas, a cada segundo transcorrido
via o chão se aproximando de mim sem que eu pudesse fazer nada para evitar a
colisão desastrosa, então tudo que me restava era esperar que a queda durasse
mais, rezar por um pouco mais de tempo, esse seria o único milagre ao qual eu
teria direito. E mesmo em face duma queda terrível dentro de mim algo dizia:
Você precisa. E eu num sussurro pra tentar me convencer, afirmei: É, preciso.
- Vinc, tenho que ir agora.
- Mas já, você mal chegou. Pensei
que estivesse com saudades, queria te ver...
- Eu sei, estou com saudades, mas
não tenho dormido bem ultimamente e estou me sentindo cansada, não quero
adoecer, se é que me entende.
- Ok, entendo sim. Vá descansar
senhorita, e me mande o endereço por mensagem, vou querer saber do ser
esconderijo provisório.
- Certo, te mando sim. Até mais.
- Até, beijos e melhoras.
- Obrigada.