30 junho 2013

Capítulo 18


ESCRITO POR: MAYRA BORGES


“Prazer por prazer, é isso que você quer? Até quando você quer? É apenas isso ou há possibilidade de tornar-se algo mais profundo?” Era esse um jogo rápido entre eu e o meu reflexo, pensa rápido Miriam!
Eu estava de frente para o espelho, cabelos presos num rabo de cavalo mal feito que deixava algumas mechas displicentes escorregando por sobre o ombro, lábios extremamente vermelhos, olhos bem delineados e uma lingerie branca. Sorri pro meu reflexo e respondi as perguntas que pairavam como pássaros sobre minha cabeça:
- Sim, até quando for possível, e sim é apenas isso, nada mais._respectivamente.
Eu tenho algo a confessar, antes de qualquer coisa eu quero dizer que eu errei uma vez em dizer que o Vincent é um cara apaixonante, interessante, sim, apaixonante? Não mais pra mim. Há alguma coisa que odeio intensamente naquele homem, mas deixo isso pra outra ocasião.
                Se bem me lembro estava na parte em que disse não ao Vincent, vocês acreditaram na minha ingênua confusão e dúvida? Acreditaram mesmo que a borboleta precisava de mais um tempo para abrir as asas? Então sinto em dizer, mas os ingênuos são vocês. A princípio essa era a ideia, mas não, a verdade é que tudo fazia parte de um plano, eu precisava descobrir algumas coisas e a melhor forma de descobrir foi fazendo o que eu fiz. Dizer um não naquele momento me daria a resposta de quantos sins eu conseguiria depois. Era um teste, se ele reprovasse muito dificilmente continuaria no jogo.
                Coloquei um vestido sobre a lingerie e liguei o computador, sabia que ele estaria online...

CONTINUA...

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15 junho 2013

Capítulo 17


ESCRITO POR: MAYRA BORGES

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Desliguei o computador e fui tomar um banho, os olhos de Vincent não saiam da minha cabeça assim como as coisas que eu havia deixado de fazer. Era tudo tão novo, mas será que o fato de ser recente, de eu não saber muito bem, de estar começando a descobrir tudo era mesmo a melhor das desculpas ou havia algo a mais por trás do fato de eu não ter tido coragem de ir mais além?
Saí do banho e me joguei na cama sem me vestir, pois sempre gostei da sensação da pele contra os lençóis – é algo que me relaxa. E então me coloquei a pensar no que havia acontecido, ou melhor dizendo: no que não havia acontecido. Sabia que não deveria me preocupar tanto com a situação, mas os pensamentos me atropelavam.
Eu estava dividida – quase como se olhar no espelho e perceber que há algo a mais no seu reflexo.  Um lado meu adoraria ter ido adiante, adoraria ter tirado a roupa, provocado arrepios e fantasias, esse lado mais solto, mais adulto, mais instintivo teria adorado excitá-lo à distância, sentir prazer em proporcionar prazer. Esse é o lado que não conheço, a parte turva do meu reflexo, um lugar recém descoberto e inexplorado...
Já o lado que conheço tão bem – como meu rosto; cada caminho e desvio, bem, esse lado meigo e calmo, esse lado receoso, infantil, mas também responsável pensava em Carlos e no que as minhas atitudes poderiam significar e refletir sobre o nosso relacionamento. A final de contas – pensei; é ele quem eu amo de verdade, só precisamos de um pouco mais de tempo e paciência para enfrentar os desafios e suportar essa distância que nos separa. E ao final deste pensamento eu percebi o sorriso incrédulo no canto da minha boca, a quem eu estava tentando enganar? Mentindo pra mim mesma, usando os caprichos do coração pra encobrir o que a minha cabeça já sabia há muito tempo: há certas coisas que nem mesmo o amor é capaz de solucionar, mas a final o que é amar? O que é amar verdadeiramente e no que isso implica? O fato de não ter resposta para essa pergunta em si já é uma resposta, se eu não sei o que é então é porque nunca senti.
Suspirei pela milésima vez desde que me deitara ali e então admiti o óbvio: eu estava na corda bamba de um relacionamento desgastado e precisava escolher entre permanecer tentando me equilibrar a duras penas ou me jogar e descobrir de uma vez por todas quem eu era e em quem pretendia me tornar.
Meus pensamentos voltaram a Vincent e no dom que ele tinha de mexer com minhas convicções. Antes de ele chegar eu tinha todas as respostas e agora? Tudo que tinha eram perguntas sem solução. E então eu percebi o que me ligava a ele de uma forma que eu não sabia explicar, eu gostava das propostas dele, das provocações que me movimentavam, ele me arrancava da monotonia de certezas empoeiradas e me fazia correr atrás de novos significados, ele havia proporcionado um encontro com a parte de mim que precisava despertar e agora eu sabia que precisava explorar o lado turvo do meu reflexo. Eu gostava de toda aquela confusão suave e a confusão pode ter um gosto bastante agradável em certas ocasiões e eu realmente estava me deliciando.
E antes de adormecer me ocorreu um pensamento, estava na hora de mudar, não pelo Carlos, por Vincent e nem por mais ninguém além de mim, estava na hora de descobrir e redescobrir as Mirians que moram aqui dentro.

CONTINUA...

02 junho 2013

Capítulo 16


ESCRITO POR: MAYRA BORGES


Fiquei de costas para o monitor coloquei meu cabelo para frente deixando a mostra minhas costas largas e a pele clara.  Coloquei as mãos na cintura e fui até o short jeans, desabotoei e soltei o zíper, olhei por cima do ombro, ele estava vidrado e havia um sorriso indecifrável naqueles lábios finos e bem desenhados. Senti um arrepio percorrer meu corpo, como eu queria sentir aqueles lábios nos meus, aquelas mãos ásperas passeando por minhas costas, afagando meu rosto, segurando firme a minha cintura... Pisquei para ele e continuei o que estava fazendo, as palavras eram absolutamente desnecessárias. Um turbilhão de pensamentos me sacudia por dentro me impedindo de raciocinar bem, mas uma força me impulsionava a agir devagar e eu fui. Virei para o computador e digitei apressada:
- O que quer que eu faça?
- Que continue, que sinta-se a vontade, apenas isso. Vá até onde quer ir, não temos pressa.
Assenti com um aceno breve de cabeça. Minhas mãos tremeram, e pela primeira vez senti-me dividida e precisei respirar fundo, eu não estava a vontade o suficiente, havia uma tensão que prendia meus movimentos e sabia que não soaria nada natural continuar a me despir.
                - Acho que estou indo um pouco longe demais._disse finalmente, estava me sentindo um tanto frustrada.
                - Está tudo bem?
                -Está, mas você me entende se eu não puder?
Ele sorriu quase sem graça o que me desconcertou, cruzei os braços frente ao corpo instintivamente e ele disse:
                -Desculpe, acho que fui um pouco longe demais.
                -Não é culpa sua, mas acho que preciso de um pouco mais de tempo.
                -Está arrependida?
                -Não, mas confesso que preciso de um pouco mais de tempo.
                -Ok.
De repente milhões de perguntas atravessaram a minha mente, como se eu tivesse finalmente saído de um momento de inconsciência direto para a superfície da razão, estava tonta. Estava ficando louca? Meu corpo estava tenso, mas havia em mim um desejo, que reclamava por não ser atendido, embarquei em minhas confusões. E agora, como prosseguir?

 CONTINUA...

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