ESCRITO POR: MAYRA BORGES
O que aconteceu na semana seguinte
após essa conversa pode ser facilmente resumido em ansiedade, euforia e muitas
xícaras de café. Misturei sentimentos como quem prepara uma bebida forte e
tomei tudo de uma vez, embaralhando-os ao ponto de não conseguir descrevê-los e
tendo a sensação de que se o fizesse estaria apenas compondo a história com uma
parte disforme e sem sentido.
Tudo realmente entrou em foco quando
coloquei os pés no aeroporto e por fim pensei pela milionésima vez na loucura
que estava prestes a fazer. Fiz o Chek-in e me sentei em uma daquelas cadeiras
desconfortáveis esperando o momento do embarque. Meu estômago arriscou sair
pela boa umas três vezes e pensei que em algum momento iria acabar precisando
de um cardiologista, mas ao final lá estava eu sentada na poltrona do avião, ouvindo
as instruções da aeromoça e observando a cidade ficar pequena sob os meus pés.
Poderia me perder em inúmeras
divagações com toda a metáfora que se apresentava através da janela daquele
avião, o mundo era pequeno e eu era infinitamente menor que o mundo... É
exatamente assim, não é mesmo? A gente tenta fugir o quanto pode dos nossos
pensamentos, com receio do que eles possam plantar de incerto dentro das nossas
certezas, era o que eu estava tentando fazer, me apegando a filosofias não
condizentes com o momento simplesmente pelo medo de cair num mar de dúvidas,
mas não consegui correr muito, logo senti a água fria dos questionamentos e
receios óbvios lambendo minhas pernas e como era de se esperar eu estava de
calças curtas. O mundo era pequeno e eu era infinitamente menor que o mundo, de
certo ele me devoraria.
Respirei fundo e mentalmente fui
vendo cada uma das minhas frágeis certezas travar uma batalha injusta contra as
numerosas dúvidas e os gigantescos medos que me assolavam. No que julguei ser o
final daquela luta desigual, havia algo de pé, uma certeza que escapara ilesa, um
sinal pelo qual valeria continuar. Eu conhecia um Vincent, mas não sabia se
aquele era o verdadeiro, mas mesmo diante disso havia em mim um sentimento
imprudente de autoconhecimento, loucura, paixão e então pensei e sorri no meio
a meio daquela certeza “Que importa restarem cinzas, se a chama foi bela e
alta?” Quando o avião enfim pousou e eu pus meus pés em terra era eu quem
estava firme e definitivamente decidida sem a menor possibilidade de me
arrepender pelo que quer que fosse.
Agora vai ou racha.
ResponderExcluirForça Miriam.
É isso ai, Claudio, não tem mais volta.
ExcluirAbraços.
:D
Excluir"Aponta pra fé e rema", Miriam. O que for pra será, é aquele velho clichê, sabe. rs
ResponderExcluirO velho clichê que sempre espreita as nossas vidas.
ExcluirVamos ver no que isso vai dar.
Beijos, Sam.
Mayra, pelamordeDeus, quando esse encontro vai acontecer? Tô super mega ansioso!! =D
ResponderExcluirLogo logo, falta pouco, muito pouco. Afinal eles estão mais próximos do que nunca.
Excluirtambém estou ansiosa, por isso a demora quero escrever algo que supra a expectativa de vocês.
Forte abraço, Alexandre.
Eu já fiz isso. Fiz parecido. Minha namorada e eu estamos faz quase um ano juntas e, apesar de morarmos no mesmo estado, existem seis horas de distância. Então frequentemente, todo mês embarco e me vou. Na estrada. E quando isso acontece, parece que a distância não existe. Parece que nada impossibilita, sabes? Parece como sonhar e no outro dia, na realidade, acontecer. Parece que somos pequenos mesmo, num mundo separados por países, idiomas e oceanos. Sotaques e possibilidades. A nossa alma fica tão livre que somos pássaros prontos pra repousar e fazer nosso ninho (se for no peito de alguém, melhor ainda). Lembro a primeira vez que fiz isso e senti que tinha realmente um músculo, o coração, parecia que eu ia cuspir meu coração fora de tanto nervosismo. Mas aconteceu que o mundo por mais extenso que fosse, e as distâncias não impediam, e que por mais pequena que eu fosse, sempre haveria um lugar pra chamar de meu no mundo. Encontrei. E por isso faço sempre. Embarco. Abraço e repouso minhas asas (braços se preferir) e só saio dali quando meu coração estiver tão tranquilo como se tivesse tomado calmante. Espero que dê tudo certo. Normalmente nosso coração sabe em que direção seguir, mesmo que pra isso seja necessário transportar algumas malas e alguns quilômetros. Nada fica muito longe. O importa é os corações estarem perto e ver se fazem um bom mpb juntos (como toquinho e vinicius). Vale arriscar.
ResponderExcluirUal, que comentário incrível Fernanda.
ExcluirComecei a escrever essa série ficcional, mas não imaginava que haveria um reconhecimento das pessoas com a Miriam.
E você me deixou sem palavras diante das suas tão sinceras, dos teus sentimentos, fez-me mergulhar em memórias recentes realmente boas. É em depoimentos assim como esse seu que eu percebo que o amor é muito maior e que sim, ainda existem pessoas que são capazes de senti-lo de uma forma entregue.
Apesar de a Miriam ser apenas uma garota que nasceu na minha imaginação ela tem se tornado um pouco maior que isso, ela se faz um pouquinho mais real no coração daqueles que tem algo em comum com ela.
Muito obrigada, Fernanda.
Abraços ^^