12 janeiro 2014

Capítulo 35


            - E ai, gostou?
            - Gostei sim, é lindo.
            - Então vem comigo.

Não questionei, apenas continuei caminhando ao lado dele pelo calçadão que nos deixava sempre a alguns centímetros da areia branca e fofa, continuei sentindo a noite e aproveitando a companhia, continuei sentindo uma inquietação constante dentro de mim cada vez que nossos braços esbarravam um no outro.
Aquele encontro estava indo tão além do que eu imaginara que começava a me deixar confusa, Vincent sempre tivera esse dom de me bagunçar por completo, sua presença era quente e seus olhos continuavam indecifráveis e por mais que eu tentasse não conseguia saber muita coisa.  

            - Gostaria tanto de saber o que você está pensando._ele parou de andar e olhou pra mim com um olhar que me desconcertou.

Observei seu rosto e finalmente encontrei traços da expressão que eu procurava, abaixei a cabeça e levantei o olhar devagar até encontrar o dele, misterioso, eram dois imãs que me puxavam para si e meus olhos prenderam-se aos dele de tal forma que por alguns minutos a praia inteira desapareceu.

            - Quer mesmo saber no que estou pensando?

Ele fez que sim com a cabeça e quase tive medo de que ele chegasse perto demais, minhas mãos estavam frias novamente e meu coração incrivelmente acelerado.
           
            - Estou pensando em riscos, fogo, pólvora, fogos de artifício...
           
Ele sorriu, colocou as mãos nos bolsos, desviou os olhos dos meus e fixou-os no céu limpo de estrelas tímidas e disse em seguida, repetindo uma frase da qual eu lembrava perfeitamente:

            - Eu esperava uma explosão mesmo.
            - Não vai me propor autocontrole?
            - Vai adiantar?
            - Pra mim não e pra você?
            - Também não.

Respirei fundo, desviei meus olhos pro mar, minha garganta estava seca... Ele chegou mais perto de mim a ponto de eu poder sentir sua respiração quente.

            - Eu não estava contando que você fosse chegar assim tão perto._sussurro.  
            - Nem eu.
            - Sério?
            - Não.

Eu senti seu rosto quase próximo o bastante do meu, por Deus, como eu queria sentir aqueles braços em volta do meu corpo, suas mãos nos meus cabelos, seus lábios nos meus. Nossos olhares se encontravam e eu reconhecia nele o mesmo desejo que também ardia em mim, mais um pouco daquilo e eu não sei dizer o que teria acontecido.
Dei um passo para trás, recuperando o fôlego, levei meu dedo indicador até os lábios em sinal de silêncio e disse baixinho:


            - Sem provas.

CONTINUA... 


10 comentários:

  1. Respostas
    1. Sem provas não está no título por acaso, foram as duas palavras que deram origem a toda história.

      Abraços, Claudio.

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  2. Ah! estava ótimo! Até o próximo capitulo. Fiquei super curioso, conto empolgante, prende o leitor! Delicia de texto!

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    1. Obrigada, Fábio.
      Fico feliz que tenhas gostado.
      Logo logo, postarei a continuação.

      bjs

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  3. Volto para o próximo capitulo! :)

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  4. Nãaaao May, poxa, pensei que eles fossem se agarrar. =/ rs
    Mas te confesso que tava esperando alguma frase, ou algo assim, relacionado ao titulo do blog,
    e o "Sem provas" no final ficou ótimo, encaixe perfeito. Mas o encaixe teria sido mais perfeito
    se eles se agarrassem. :p Aguardando o próximo capitulo. (:

    Bjão, escritora! ;*

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  5. Em público? Tem certeza que seria mesmo uma boa ideia? Acho que não.
    Eu já usei o "sem provas" algumas vezes no decorrer da história, nos primeiros capítulos.
    Foram as duas palavras que deram formato a ideia,

    Logo logo, tem continuação.
    Beijos, Sam.

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  6. Esse magnetismo que existe entre os dois é o que mais apaixona. Personalidades que se encaixam de maneira fantástica. Cada capítulo mexe com o imaginário, a gente fica torcendo pelo desenrolar. Mas tudo é tão bem feito, tão delicadamente envolvente. Vou pro próximo capítulo. Tá demais rs

    Beijo!!

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    1. Sabe que esse magnetismo acabou me surpreendendo também, eu simplesmente comecei a escrever, mas não foi nada com um roteiro pré estabelecido, as coisas foram acontecendo, as histórias foram se formando em minha mente e eu fui escrevendo.

      Fico feliz que você esteja gostando tanto.
      Abraços, Alexandre.

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Obrigada.